LONGAS

LONGAS

CURADORIA: Carol Almeida
Éri Sarmet
Felipe André Silva
Leonardo Amorim

CURTAS & MEDIAS

CURTAS & MEDIAS

2022

86 min

Três jovens queer vagam por uma São Paulo distópica, assolada por uma pandemia cujo vírus afeta principalmente a memória.

Direção:

Gustavo Vinagre

País

Brasil

Classificação indicativa:

12 anos

Estado:

São Paulo

2022

75 min

Quatro mulheres distintas e mães de pessoas LGBTs compartilham suas vidas e suas experiências em relação à maternidade.

Direção:

Tarcísio Rocha Filho, Victor Costa Lopes, Wislan Esmeraldo

País

Brasil

Classificação indicativa:

Livre

Estado:

Ceará

2020

110 min

No mês de julho, o vento seco e a baixa umidade do ar ressecam a pele dos moradores de uma pequena cidade no interior de Goiás. Sandro divide seus dias entre o clube da cidade, o trabalho, o futebol com amigos e as festas locais. Ele tem um relacionamento com Ricardo, seu colega de trabalho. Mas a sua rotina começa a mudar com a chegada de Maicon, um rapaz que desperta o seu interesse e do qual todos sabem muito pouco.

Direção:

Daniel Nolasco

País

Brasil

Classificação indicativa:

18 anos

Estado:

Goiás

2020

74 min

São os pré anos 3000. arte é crime. refletir é proibido. Ler não existe mais. Somente produções e consumos em massa são permitidos. RODSON®. Um garoto com seu animalesco instinto artístico represso pela sociedade ao seu redor, só mais um de muitos… O governo anarcocrenty comete o engano de achar que a besta estivera sob controle, mas sua mente concebe CALEB® o alterego de RODSON@ que o lança estrada a fora, abandonando ares-condicionados em busca da alucinação perfeita sob o Sol sem dó de 2000°C que a última camada de exosfera proporciona à vigente sociedade.

Direção:

Cleyton Xavier, Clara Chroma, Orlok Sombra

País

Brasil

Classificação indicativa:

16 anos

Estado:

Ceará

2021

84 min

Rodado a quente com uma câmera Mini-DV, em 2018, sem grandes preparativos, mas com muito suor e cerveja, o filme se apresenta como uma sucessão de prólogos de um filme sempre por fazer. O que une todos é o desejo de pegar para si uma fatia do mundo.

Direção:

As Talavistas e ela.Ltda

País

Brasil

Classificação indicativa:

Livre

Estado:

Minas Gerais

1974

100 min

Lapa, Rio de Janeiro. Diaba (Mílton Gonçalves), um homossexual, comanda de um dos quartos de um bordel uma quadrilha responsável pelo controle de vários “pontos” de venda de droga. Sabendo que um dos seus homens de confiança está para ser preso, Diaba “fabrica” um novo marginal, para depois entregá-lo a polícia. Ela encarrega Catitu (Nélson Xavier), seu homem de confiança, de fazer isto. Catitu decide que o alvo será Bereco (Stepan Nercessian), um garotão cheio de si que é sustentado por Isa (Odete Lara), uma cantora de cabaré. Catitu atrai Bereco para um série de crimes e faz dele um “perigoso bandido”. Acontece que Bereco passa a acreditar nesta “fama”. Diaba começa a ter seu poder diminuído quando Bereco pretende controlar a venda das drogas e Catitu, por sua vez, deseja aumentar seu poder.

Direção:

Antônio Carlos Fontoura

País

Brasil

Classificação indicativa:

18 anos

Estado:

Rio de Janeiro

2022

70 min

Nos subterrâneos de uma cidade cercada, um jovem soldado aguarda seu destino. Enquanto isso, nas ruínas da superfície, o perigoso Canibau corre à solta.

Direção:

João Pedro Faro

País

Brasil

Classificação indicativa:

18 anos

Estado:

Rio de Janeiro

PROGRAMA 1

Um trio de filmes em que o fetiche está na criação e utilização de imagens-arquivo simultaneamente pessoais e coletivas. blaed texturiza e sobrepõe a imagem para transformá-la em um céu estrelado e ruidoso, e encontra no cinema algo que se conecta ao inconsciente coletivo na paisagem do Rio de Janeiro. Está aí sua sua tara, seu fetiche. Enquanto isso, Looping se baseia em uma rememoração, na criação de imagens de desejos realizados, de saudades passadas. Através da câmera analógica, encontra também no passado uma técnica que consiga lidar com a repetição, com o flashback. Esse lugar da memória é também onde estão os arquivos dos Sonhos. No média-metragem que encerra a sessão, nossos desejos se tornam arquivos, os realizados e os reprimidos. São eles que sempre voltam para nos dar prazer, por bem ou por mal, pelo resto das noites. E é nesse embalo de sonho e pesadelo que nos deleitamos enquanto a terra gira e as estrelas, manifestações presentes de um passado que ainda brilha, mudam de lugar.

Classificação Indicativa: 16 anos

blæd (RJ)

06 min

Direção: Bernardo Wendrownik

Haveria alguém, então, de lamentar minha morte?

Looping (MG)

12 min

Direção: Maick Hannder

Vi um garoto atravessando a rua hoje.

Sonhos (PE)

39 min

Direção: Chico Lacerda

Um documentarista passa a dormir com sua câmera para registrar os sonhos que tem à noite.

PROGRAMA 2

Chegue, pode entrar. A casa é sua. Mas que casa é essa? Quando falamos de existências queers no mundo, vivências de desvios, algumas casas precisam ser destruídas para que outras se ergam no seu lugar. Se as pessoas desviantes são, com muita frequência, expulsas de casa porque o capitalismo cisnormativo expele tudo que não pode ser controlado e regulado, então é preciso pensar em produzir outros territórios de vivência plena, de acolhimento. É preciso seguir caminho por outros asfaltos como acontece em Na Estrada Sem Fim Há Lampejos de Esplendor, é fundamental demarcar no mapa onde o peito se dilata em memórias como faz o curta Acesso, é urgente estabelecer as conexões entre os projetos “modernos” de ocupação das cidades com a permanência entre nós dos fantasmas do Brasil exótico e simultaneamente queer de Carmem Miranda como no exercício experimental de Maldição tropical, mas é sobretudo imprescindível invadir os espaços e tomá-los pelas armas do deboche e do cinismo, recursos que o filme Escasso usa sem moderação. Pois então venha entrando mesmo, essa casa aqui está aberta.

Classificação Indicativa: 14 anos

Na Estrada Sem Fim Há Lampejos de Esplendor (CE)

12 min

Direção: Sunny Maia e Liv Costa

Uma vez, elu disse: quando fui embora de mim, adeus era tudo o que tinha para dizer. Nessa viagem, talvez não exista uma chegada. Só um caminho infinito.

Acesso (SP)

18 min

Direção: Julia Leite

Lugares suspensos na memória de 5 pessoas LGBTs são revisitados durante a pandemia.

Maldição Tropical (RJ)

15 min

Direção: Luisa Marques e Darks Miranda

Uma fricção entre dois projetos de nação forjados para o Brasil em meados do século XX: um imaginário tropical, personificado por Carmen Miranda e um modernismo tardio que se instaurou no Brasil no fim dos anos 50 e no início dos 60, corporificado no Rio de Janeiro pelo Parque do Flamengo.

Escasso (RJ)

15 min

Direção: Clara Anastácia e Gabriela Gaia Meirelles

Um mockumentary político que nunca fala de política. Um filme excessivo, verborrágico, faminto e cômico. ESCASSO acompanha Rose, uma passeadora profissional de pets que apresenta sua nova casa para uma equipe documental enquanto celebra a realização de um sonho: o da casa própria, mesmo que ocupada. Enquanto diz cuidar do imóvel e aguardar o retorno da proprietária, a nova “inquilina” cria intimidade com a casa, assumindo um estado de paixão pela dona ausente.

PROGRAMA 3

O medo de que toda a pele fosse um órgão sexual sem gênero, nos conta Preciado, fez com que os homens projetassem periferias e interiores em seus corpos, marcando zonas de privilégio e zonas de abjeção. Macho carne começa violando uma dessas zonas de privilégio, a boca, forçando-nos a lembrar que entre ela e o cu há pouca diferença. Mesclando artifícios do cinema queer e de horror, o curta nos convida a uma imersão no universo gay fetichista, um encontro doloroso e prazeroso entre Kenneth Anger, Ron Athey e Leatherface. Já Filhos da Noite traz para o palco corpos ausentes do imaginário dominante acerca da masculinidade, os de homens gays idosos. Memórias  misturam-se a compartilhamentos de intimidades e dificuldades de se ver e viver velho em uma cultura que valoriza apenas o novo. Fechando a sessão, Perto de Você nos transporta no tempo e no espaço até um pequeno apartamento durante a quarentena, quando o diretor trans não-binário Cássio Kelm Soares registra o processo de sua transição enquanto vive com o pai idoso. O título do curta, alusão a uma música do Carpenters, traduz bem o paradoxo que o filme ilustra: apesar da proximidade física, há distâncias entre pai e filho, separados pela diferença de idade e por singulares experiências de gênero. Nesse processo, Cássio se desnuda de várias formas, dando a ver uma masculinidade alternativa rara nas telas de cinema. “Contar ou não contar” é, assim, uma falsa questão, uma vez que o filme se revela na graça e no absurdo do cotidiano pandêmico o qual só é possível viver – ou não morrer, como canta Ventura Profana – contíguo ao afeto.

Classificação Indicativa: 16 anos

Macho Carne (MA)

15 min

Direção: George Pedrosa

Ele camufla os sentimentos através da pele e anseia que sua carne se rasgue algum dia. Uma ode poética ao fetichismo do corpo, suor e sangue, um fantasma ardente.

Filhos da Noite (PE)

16 min

Direção: Henrique Arruda

Oito homens gays entre 50 e 70 anos compartilham suas memórias, vivências, e imagens noturnas, questionando-se sobre qual lugar seus corpos ocupam agora.

Perto de Você (PR)

32 min

Direção: Cássio Keim

No começo na pandemia, um jovem trans acaba isolado em um pequeno apartamento junto a seu pai idoso. Filmar é uma forma de tentar estar mais perto de seu pai.

PROGRAMA 4

O Rio de Janeiro continua lindo, diz o refrão de uma das músicas mais lindas em nossa fortuna cultural. Mas de que beleza se fala quando projetamos essa cidade que, por tanto tempo, foi metonímia de um Brasil imaginado e forjado pelo olhar de fora? De que Rio de Janeiro as pessoas costumam cantar? Pois que nas bordas da paisagem de uma orla pavimentada por corpos que, com frequência, desfilam um padrão bastante normalizado do belo, existe de fato um Rio de Janeiro lindo na expressão de todas as sensibilidades que não cumprem com as regras do cartão-postal. Em nossa primeira edição fora de Alagoas, sentimos a necessidade de pensar uma sessão focada em cineastas queers desse outro Rio e, para isso, a sessão começa com Fazemos da Memória Nossas Roupas, um filme que produz pontos de urdidura entre quem fica e quem vai, transformando o luto num ritual de permanência. A memória da artista Matheusa, cuja vida foi violentamente interrompida, criando laços e pontos de luz na escuridão. Em seguida, exibimos Entre a Colônia e as Estrelas, uma distopia que, a partir das visões de sua personagem, traz uma reflexão sobre o passado e presente do Rio de Janeiro e instala uma crise que abala as noções de materialidade dos corpos diante de contextos traumáticos. Para encerrar, em Usina-Desejo contra a indústria do medo, trabalhadoras do audiovisual buscam no místico alguma resposta para lidar com o buraco que o Brasil cavou para si mesmo com o braço moral do Estado. No desejo de escapar disso, cria-se então um filme-interativo, em que nossas escolhas pesam para a trama, assim como sobre aquilo que produzimos.

Classificação Indicativa: 16 anos

Fazemos da Memória Nossas Roupas (RJ)

13 min

Direção: Maria Bogado

Sabine falou de uma herança mágica e material. É com ela que fazemos nossas roupas

Entre a Colônia e as Estrelas (RJ)

49 min

Direção: Lorran Dias

Colônia Juliano Moreira, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Estelar trabalha em um hospital psiquiátrico e tem visões do passado. Durante uma crise hídrica no estado, recebe Kalil – seu irmão mais novo – para morar em sua casa. Em meio às divergências políticas e identitárias entre ambos, Estelar percebe que é preciso coragem para rever suas posições conservadoras. Ela inicia uma saga que a levará onde residem todas as diferenças, tempos, abismos e mistérios entre nós.

Usina-Desejo contra a Indústria do Medo (RJ)

16 min

Direção: Clari Ribeiro, Lorran Dias e Amanda Seraphico

Bill e Penélope são cineastas que moram juntos durante uma terrível era no Brasil-catástrofe. Após um desastre do Cinema e da Cultura, o emprego de Bill fica por um fio. Em plena distopia, entre as ruínas de uma indústria, Penélope o apresenta a Usina-Desejo, canal da taróloga Oráculo no youtube. Através de uma misteriosa interatividade, Oráculo introduz a dupla a um mundo repleto de mistérios, excessos e delírios.

PROGRAMA 5

Benção a todes que antes vieram e a todes que depois chegarão. Na roda do tempo, os filmes giram numa ancestrologia, palavra mobilizada no trabalho de pesquisa de Cíntia Guedes, termo que invoca uma condição de “estar acordada (…) entrever os rastros de outros tempos, futuros e passados, que se sobrepõem em camadas e podem ser experimentados no agora, através da ativação de um estado de atenção” (GUEDES, 2019). Pois então atenção para o refrão desses filmes: a partir da narratividade e reencenação de uma mitológica ceia como é o caso de Ave Maria, das memórias contadas/cantadas em As lavadeiras do Rio Acaraú Transformam a Embarcação em Nave de Condução e das performances ritualísticas de seres mais-que-humanos de uma “terra e seus nervos, e suas solidões pré-históricas” em Lalabis, o amor, como diria a poeta tatiana nascimento, se torna uma “máquina de guerra” ontem, hoje e sempre.

Classificação Indicativa: 12 anos

Ave Maria (RJ)

15 min

Direção: Pê Moreira

Ave Maria é sobre fazer família. O filme registra a artesania das relações através do tempo, do espaço e da vontade de estar junto. Após a morte inesperada e precoce do pai, Maria passa um ano longe. Na véspera de Natal deste ano, ela volta. O reencontro com a casa e a família reativa memórias e abre espaço para a reimaginação das relações e a troca de afeto.

As lavadeiras do Rio Acaraú Transformam a Embarcação em Nave de Condução (CE)

13 min

Direção: Kulumym-Açu

O fluxo das águas do Rio Acaraú que atravessa a cidade de Sobral/CE conta a história onde o esfregar e o voar fazem parte do mesmo gesto coletivo.

Lalabis (CE)

25 min

Direção: Noá Bonoba
Quando Kali acordou, o mundo inteiro estava paralisado. Sua mãe e seu pai paralisaram tomando café da manhã. Seu irmão paralisou jogando Mario Kart. Ela nunca entendeu o porquê de nada ter acontecido com ela, até conhecer o segredo de Numi e o reino das Lalabis.

PROGRAMA 6

O tempo da festa é um tempo de outro mundo. Nela, sonhos e lembranças se embaralham como fractais, convocando os desejos selvagens à superfície. Vivemos, afinal, no espaço que resta entre a memória da última festa e a espera da próxima por vir. Nos filmes dessa sessão, a próxima festa pode ser a que dará início ao nosso fim, ou a que nos presenteará com uma noite que recordaremos através dos tempos. Em Promessa de um amor selvagem, um jovem rapaz entra de penetra em uma festa e passa a ser assombrado pelo fantasma do desejo, sonhando, tal qual Orlando, com um futuro de liberdade no passado. Vampiros e espectros pairam no ar e voam de um filme a outro, pousando em Panteras. No média-metragem cearense, a festa é o disparador do encontro onírico entre três amigos, Renan, Verônica e Elena. Renan deseja o que as amigas tem, enquanto elas vivem a melancolia e o amargor do luto de uma relação. Nessa epopéia melodramática-fantástica de lágrimas de sangue, gays amaldiçoados e lésbicas motoqueiras, a amizade é uma aliança queer que triunfa sobre o vampirismo desilusório do amor possessivo.

Classificação Indicativa: 16 anos

Promessa de Um Amor Selvagem (SP)

23 min

Direção: Davi Mello

Ao entrar de penetra em uma festa, um jovem rapaz descobre que esta será a sua última noite.

Panteras (CE)

38 min

Direção: Breno Baptista

Renan despede-se de Elena e Verônica e parte rumo a um novo grande amor. Contudo, decide fugir ao perceber que está sendo devorado vivo, contando apenas com as amigas para salvá-lo da maldição que o persegue.

PROGRAMA 7

Em meados de 2012, surgia em Recife uma resposta pop, debochada, e orgulhosamente viada ao monopólio do cinema sisudo e heterosexual que pautava a produção pernambucana e nacional. Formado por André Antônio, Chico Lacerda, Fabio Ramalho e Rodrigo Almeida, o coletivo Surto e Deslumbramento ofereceu e demonstrou, ao longo de seus recém completos 10 anos de atividade, uma nova possibilidade não somente para a produção queer, mas também para o cinema contemporâneo brasileiro, ao trazer para o centro do debate questões como modos alternativos de realização e distribuição, e a possibilidade de convergir o caricato e o intelectual. Nesta sessão comemorativa, são exibidos Mama (André Antônio, 2012), Casa Forte (Rodrigo Almeida, 2014), Estudo em Vermelho (Chico Lacerda, 2013), trabalhos da gênese do grupo, e Primavera (Fábio Ramalho, 2017), realizado já em uma fase um pouco posterior. A Mostra Que Desejo RJ exibe também, dentro de sua programação, os filmes mais recentes do coletivo, como Sonhos (Chico Lacerda, 2022), Vênus de Nyke (André Antônio, 2021), e O Nascimento de Helena (Rodrigo Almeida, 2021).

Classificação Indicativa: 16 anos

Mama (PE)

21 min

Direção: André Antônio

Num fim de tarde, dois amigos de ressaca bebem vinho enquanto discutem seu fascínio pela música “Mama”.

Casa Forte (PE)

11 min

Direção: Rodrigo Almeida

Um bairro povoado por fantasmas de um relacionamento e de uma tradição.

Estudo em Vermelho (PE)

16 min

Direção: Chico Lacerda

Em um prólogo, dois atos e um número musical.

Primavera (PE)

24 min

Direção: Fabio Ramalho

“Querido, obrigado por cuidar da casa. Tem vinho na geladeira. Se Raja ficar inquieto, é só dar um biscoitinho.”

PROGRAMA 8

O cinema brasileiro tem dívidas e inconsistências, e enquanto não tivermos o poder de mudar isso, podemos debochar dele! É o que nos ensina Morde e Assopra com sua política de “redução de danos” ao abrir a sessão Pagando de Sonsa. Mas se é para destruir mesmo, vamos fazer com requintes de crueldade, armando, planejando, devolvendo a eles tudo que jogaram em nós. Em O Nascimento de Helena, a família e o homem, essas instituições tão poderosas, são atacadas de maneira insidiosa, perversa, quase novelesca em seu drama caricato. Essa confluência desemboca na ação direta, na observação ligeira e quase concretista em sua montagem hipnótica, de uma mulher e seus corres, ela está aqui agora, ela é Sapatão: uma racha/dura no sistema. E se tudo nesse mundo pode ser desafiado, porque a narrativa não poderia ser? Tito, uma videópera pop do cerrado mineiro em chamas toma uma peça clássica de Shakespeare e a transfigura pelo deboche, um musical ultra pop no deserto do subdesenvolvimento.

Classificação Indicativa: 16 anos

Morde e Assopra (MG)

10 min

Direção: Stanley Albano

Fui contemplada num programa de redução de danos da burguesia: um final de semana num casarão que meu avô já trabalhou! Depois de anos só cortando dobrado… a bicha preta quer virar artista de cinema. Será que eu estraguei seu filme?

O Nascimento de Helena (PE/RN)

11 min

Direção: Rodrigo Almeida

Meu grande sonho, o sonho da minha vida, era destruir uma família.

Sapatão: Uma Rachadura no Sistema (MG)

12 min

Direção: Dévora MC

Por que estamos tão cansades? Uma entregadora por aplicativo responde. Em sua última postagem: um desabafo e uma despedida. Um corpo vivo, uma sociedade em colapso. Uma corpa que tensiona a cidade. Rompe com padrões. Cria racha/duras. Sapatão, guarde este dia com carinho.

Tito, uma videópera pop do cerrado mineiro em chamas (MG)

28 min

Direção: Fernando Barcellos

Um coletivo de bailarines lacradores e debochades se lança em um jogo audiovisual que bate cabelo entre a tragédia Tito, de Shakespeare, e a dança contemporânea, mesclando violência e cultura pop em uma videodança da qual poucos podem sair vivos. ALOKA!

PROGRAMA 9

Na sessão No Cru do Nu, o vírus está no ar. Em I am Virus, o vírus enche balões. Mas o vírus não é só um vírus. Ele é também um corpo em sociedades com fantasias adoecidas sobre o que é, finalmente, “humano”. Balões cheios de ar desse corpo-vírus vão estourar diante dos monumentos para “desestabilizar imunidades”. É, também, um deleite na posição fatal em que esses corpos queer foram marginalizados. Mas e se há outra forma de destruir? Sr. Raposo reconfigura a forma de encarar o HIV, os modos assépticos de uma vida breve que tanto publicizam não cabe mais nessa narrativa, porque nunca coube. As noções assimilacionistas e castas são abaladas por uma vida longa e cheia de desejo, cheia de sexo. E esse tremor não é muito diferente dos primeiros que sentimos na juventude quando começamos a nos perceber estranhos. Em O Mistério da Carne, um olhar de desejo se coloca sobre rituais cristãos, observamos uma aproximação sorrateira, em uma escalada pela busca do nosso desejo, pelo interior. Assim como a estrela de Tipo Sangue, história de amor contada do ponto de vista de uma criatura da noite, uma moça na plenitude de sua monstruosidade, no desejo por devorar um corpo. Eis então o território vasto que encerra a sessão: Latifúndio, o corpo e os corpos como geografias extensas, múltiplas, incapazes de serem domesticadas por demarcações. Tudo explode. Incluindo o balão de ar. E o ovo que sai de dentro de nós.

Classificação Indicativa: 18 anos

I Am Virus (CE)

8 min

Direção: Paula Trojany

Como aprender com o vírus e aplaudir o revelar da desorganização proposital, da polarização forçada, da sócio política – political society – e da máquina necro-necro-necro-necro-anti-política. Como acolher o revelar de nossa fragilidade enquanto “humanos”, que humanos, quem? Que humanidade? Que se finde o brazil e o normal pois afinal de tudo que nos resta, o corpo seria o limite ou a morada? Uma esponja, um pulmão, um muro?

Sr. Raposo (GO)

22 min

Direção: Daniel Nolasco

Em 1995 Acácio teve um sonho, ele andava de mãos dadas com um homem e uma mulher por um campo todo verde.

O Mistério da Carne (DF)

19 min

Direção: Rafaela Camelo

Abençoado seja o domingo que é dia de encontrar Giovana.

Tipo Sangue (RJ)

21 min

Direção: Lucas Fratini

Longe do sol, Liz se alimenta do sangue de homens que encontra por um aplicativo de relacionamentos. Uma noite na boate onde trabalha ela conhece Marina, com quem começa um relacionamento impossível.

Latifúndio (RJ)

11 min

Direção: Éri Sarmet

O corpo não é apenas matéria, mas uma contínua e incessante materialização de possibilidades.

PROGRAMA 10

Duas amigas correm. Da especulação imobiliária, da polícia, dos bugs, das normas. Em Abjetas 288, o corre é uma tática do cotidiano, mas também é saber procurar um lugar, um terreno qualquer, onde elas performem a si mesmas tentando sobreviver na sessão Ejó na Terra. Um pouco mais adiante na estrada, e não se sabe quanto à frente ou quanto atrás no tempo, as figuras de X-Manas aparecem como contraponto a um futuro em que a vida estéril e anódina vive em altos andares de prédios enquanto no submundo tudo e todes desafiam a cisheteronormatividade dos desejos e das imagens. Seriam elas as ancestrais ou descendentes daquelas que partiram para o Aiyè 3016, onde elas ligam o monitor pra chegar o ejó que ainda persiste na terra, o lugar em que a princesa lésbica da Disney, entra em um game para matar, sarrar, e dar também os seus corres no clássico Frozen Fiction: tempos de violência.

Classificação Indicativa: 18 anos

Abjetas 288 (SE)

20 min

Direção: Júlia da Costa e Renata Mourão

Em um futuro distópico, Joana e Valenza fazem uma jornada à deriva por uma cidade nordestina. Através da música eletrônica e trilha ruidosa, as personagens nas andanças pelas ruas, performam o que sentem enquanto vivem nessa sociedade tentando entendê-la. Abjetas 288 trata sobre territorialidades, identidades e meritocracia, tudo com um tom irônico e se utilizando de elementos alegóricos que dialogam com a história popular de Aracaju.

X-Manas (PE)

18 min

Direção: Clari Ribeiro

Recife, 2054. No submundo, dissidentes sexuais, bandidos gays, travestis, lésbicas corpulentas e todos os corpos marginalizados se unem e bolam um plano.

Ayiè 3016 (PB)

4 min

Direção: Cine Translesbixa

Em 2016, as falésias de cabo branco desmoronam pela força de ondas gigantes. a parahyba vai desabar. o planeta vai desabar. as negonas dão o golpe e partem para AIYÈ, um plano ancestral invisível até o século XXX da era da supremacia branca.

Frozen Fiction: Tempos de Violência (MA)

9 min

Direção: Lucas Duarte

Durante os anos 90. Frozen Lerigo comandou a maior gangue de Nova York, o bonde das bonecas. Mas, depois da morte de Mirella, sua principal aliada. Frozen é acusada de dois homicídios e vê seu império cair rodeado de processos na justiça.

PROGRAMA 11

O desejo é a chama primordial que nos move, mas e quando tudo ao redor quer limitar a imaginação do que se pode desejar, e como se deve desejar? A sessão Explodir tudo que não queima nos convida a perceber de que forma aquilo que arde pode se espalhar para além de nós e nos mostrar caminhos para o encontro com nossos pares, nossas turmas. Em Até a Luz Voltar, o espiritual e a sexualidade se chocam, se mesclam. Já em Bege Euforia, as fronteiras físicas e afetivas se diluem na convivência de uma comunidade inusitada. Dois filmes que percebem que o desejo está para além do corpo, que nos circula e também é onde podemos mergulhar. Nos Últimos Românticos do Mundo, a estética camp e hiper estimulante se une às aventuras da sessão da tarde para falar da nostalgia, e de como ela pode oferecer um falso senso de segurança, mas é preciso se mover e se deslocar; o corpo sempre quer seguir em frente e no fim de tudo resta a emoção, amor e deboche. Finalmente, Uma Paciência Selvagem Me Trouxe Até Aqui mostra que tais esforços não são em vão. Acompanhar o processo de redescoberta de si mesmas a partir de um encontro geracional que coloca em perspectiva as lutas de ontem e de hoje, abrindo espaço para que, juntas, todas se incendeiem. 

Classificação Indicativa: 18 anos

Até a Luz Voltar (GO)

23 min

Direção: Alana Ferreira

Nino vive na pequena cidade de Nova Canaã. Em meio aos obstáculos da vida, ela busca na religiosidade e nas expressões de sua sexualidade formas de se ver livre da sensação de abandono e exploração.

Bege Euforia (CE)

20 min

Direção: Anália Alencar

Após anos de silêncio monástico, ressurge uma voz que vem de dentro, indicando a hora de partir. Os encontros criam realidades que se bifurcam no tempo. O desejo é imanente à ação. As fronteiras físicas e afetivas se diluem. Restam apenas o aqui e o agora na Terra.

Os Últimos Românticos do Mundo (PE)

23 min

Direção: Henrique Arruda

2050. O Mundo como conhecemos está prestes a ser extinto por uma misteriosa nuvem rosa. Distante do caos urbano, Pedro e Miguel buscam a eternidade.

Uma Paciência Selvagem me Trouxe Até Aqui (RJ)

26 min

Direção: Éri Sarmet

Cansada da solidão, a motoqueira Vange (Zélia Duncan) decide atravessar a ponte Rio-Niterói até uma festa lésbica, onde conhece quatro jovens que compartilham entre si o lar e os afetos. Um encontro de gerações; uma homenagem às que nos trouxeram até aqui.

PROGRAMA 12

Tomando a contramão de uma sociedade que estranhamente prefere lutar contra seus mais naturais fluidos e secreções, a sessão Como era gostoso teu cheiro identifica nas pulsões de corpo sua arma mais poderosa. Como em As Panteras do Lula, pastiche sagaz do tradicional filme de ação norteamericano, traduzido para o idioma da política brasileira em todo seu deboche. Ou no ousado refinamento estético de Dois Garotos que se Afastaram Demais do Sol, um híbrido pouco usual de cinema, teatro e performance que conta, de dentro do ringue de boxe, uma história de corpos negros desbravando o dito sonho americano. A sessão é concluída com Vênus de Nyke, média metragem que repensa, através de uma curiosa veia cômica, alguns dos ícones mais seminais do desejo e do erotismo queer para falar não somente daquilo que nos impulsiona enquanto corpos dissidentes, mas a nossa própria matéria orgânica. Somos e estamos todos numa grande orgia de aromas ferozes.

Classificação Indicativa: 18 anos

As Panteras do Lula (SP)

2 min

Direção: Zel Junior

Três agentes que trabalham para o presidente Lula são convocadas para investigar uma ameaça que pode destruir o Brasil. As Panteras como são conhecidas, enfrentam um grande desafio ao descobrir que os robôs do Bolsonaro é muito mais que um vídeo de vergonha alheia coletiva.

Dois Garotos Que Se Afastaram Demais do Sol (SP)

29 min

Direção: Cibele Appes e Lucelia Sergio

Emile e Kid são dois garotos afro-caribenhos que vão para os Estados Unidos tentar melhorar suas condições de vida. Lá eles se tornam campeões mundiais de boxe e, de alguma forma, são incorporados à sociedade estadunidense. No frio do Norte eles fazem parte do mundo do sucesso e vivem sob códigos que não controlam. Em um ringue aterrorizante, os campeões lutam contra seus próprios fantasmas, criando dispositivos de autodefesa que os aprisionam ainda mais. E numa luta sangrenta, eles vão usar seus punhos para conquistar o sonho de liberdade, mas a vitória de um depende do fracasso do outro.

Vênus de Nyke (PE)

41 min

Direção: André Antônio

Amiga, hoje tive consulta com ele de novo. E tô cada vez mais passada porque, diferente de todo paciente que eu tenho, ele não demonstra o mínimo desconforto com as bizarrices sexuais dele. Pelo contrário. Eu mantenho meu diagnóstico: quadro agudo de melancolia e fuga da realidade. Às vezes, ele chega tão longe nesse delírio que se imagina uma espécie de profeta. Como se fizesse parte de uma seita.

PROGRAMA 13

É inevitável: Chega o dia em que todos nós recebemos a visita daquilo que realmente vamos nos tornar, e cabe somente a cada pessoa decidir se esse sentimento, esse corpo, esse amor, vão ser recebidos com coragem, com luta, com negação. Tornar-se ou entender-se um corpo queer é uma experiência ativa, e que muitas vezes acontece numa fase da vida em que as ferramentas para fazer esse experimento quase sempre são escassas. Algumas vezes, como em Xavier e Miguel, o apoio e o afeto chegam por todos os lados, já em outras, como em Pedro Faz Chover e Na Estrada Sem Fim Há Lampejos de Esplendor, o território, seja ele uma grande capital ou uma pequena cidade interiorana, é definitivo na tarefa de nos conduzir para o caminho de nossas descobertas. Outras vezes, como em Tipo Sangue, precisamos apenas nos aceitar como monstros, celebrar o que há de grotesco em nós, nosso desejo tão incomum. E assim crescemos.

Classificação Indicativa: 14 anos

Xavier e Miguel (SP)

12 min

Direção: Ricky Mastro

Xavier filma com o celular o final de semana com o seu melhor amigo Miguel.

Tipo Sangue (RJ)

21 min

Direção: Lucas Fratini

Longe do sol, Liz se alimenta do sangue de homens que encontra por um aplicativo de relacionamentos. Uma noite na boate onde trabalha ela conhece Marina, com quem começa um relacionamento impossível.

Pedro Faz Chover (PE)

25 min

Direção: Felipe César de Almeida

Depois de pegar o ônibus errado, o reprimido Pedro se perde pela cidade e tem seu celular roubado. O rumo do seu dia muda quando ele conhece outro rapaz. Noite adentro, Pedro experimenta novas sensações e descobre mais sobre si mesmo.

Na Estrada Sem Fim Há Lampejos de Esplendor (CE)

12 min

Direção: Sunny Maia e Liv Costa

Uma vez, elu disse: quando fui embora de mim, adeus era tudo o que tinha para dizer. Nessa viagem, talvez não exista uma chegada. Só um caminho infinito.

PROGRAMA 14

A partir do desejo, da necessidade de comunicar as pulsões que movem a Mostra Que Desejo ao maior número de pessoas, a sessão acessível reúne filmes não só que contém material de acessibilidade, mas que carregam temas e traços que reverberam as principais questões do evento. Seja o retorno/confronto com a casa, a família e o luto em Ave Maria, a existencia debochada e camp que finda em mais de uma maneira para Os Ultimos Românticos do Mundo, o uso arrojado da montagem em Looping para recriar a sensação de estar apaixonado, e tudo isso junto e misturado em Uma Paciência Selvagem Me Trouxe Até Aqui, um testamento forte sobre a história lésbica, e consequentemente queer, no nosso país.

Classificação Indicativa: 18 anos

Ave Maria (RJ)

15 min

Direção: Pê Moreira

Ave Maria é sobre fazer família. O filme registra a artesania das relações através do tempo, do espaço e da vontade de estar junto. Após a morte inesperada e precoce do pai, Maria passa um ano longe. Na véspera de Natal deste ano, ela volta. O reencontro com a casa e a família reativa memórias e abre espaço para a reimaginação das relações e a troca de afeto.

Os Últimos Românticos do Mundo (PE)

23 min

Direção: Henrique Arruda

2050. O Mundo como conhecemos está prestes a ser extinto por uma misteriosa nuvem rosa. Distante do caos urbano, Pedro e Miguel buscam a eternidade.

Looping (MG)

12 min

Direção: Maick Hannder

Vi um garoto atravessando a rua hoje.

Uma Paciência Selvagem me Trouxe Até Aqui (RJ)

26 min

Direção: Éri Sarmet

Cansada da solidão, a motoqueira Vange (Zélia Duncan) decide atravessar a ponte Rio-Niterói até uma festa lésbica, onde conhece quatro jovens que compartilham entre si o lar e os afetos. Um encontro de gerações; uma homenagem às que nos trouxeram até aqui.